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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Especulando: Beleza, esporte e dinheiro

Em meio às polêmicas, as Olimpíadas de Inverno Sochi 2014 são desculpas para requentar (pun intended) aquelas materinhas clássicas de eventos esportivos: as beldades nas quadras, pistas, campos...

Assistindo às transmissões, longe de ser um levantamento sistemático estatisticamente válido, reparei mesmo na beleza das atletas. Uma hipótese que já há algum tempo alimento é que atletas de esportes individuais seriam, na média, mais bonitas do que: a) a média das atletas (versão fraca da hipótese); b) a média das mulheres (versão forte).

Fiz uma pequena sondagem da versão fraca entre meus seguidores no twitter. Montei um pequeno formulário online com fotos de tenistas profissionais: as 10 primeiras colocadas (em 9/fev/2014) e outras 10 cujo ranqueamento médio foi de 247,2° (é possível um ranquingue fracionário?) e desvio padrão de 16,1 posições. As médias de idade foram: 27,1±3,31 anos e 25,5±5,25 anos respectivamente e o número de torneios disputados considerados para a classificação: 19,8±2,86 e 20,8±3,19. Para cada uma o entrevistado deveria atribuir uma nota de 0 - nada atraente a 5 - extremamente atraente. Entre 7 respondentes (todos homens)*, o resultado foi:

Tabela 1. Avaliação de beleza física de rostos
de tenistas mulheres profissionais.
Nota Top 10
~247°
0
2
3
1
6 11
2
8 11
3
18 23
4
27 16
5
9 6
Média 3,29±0,75 2,79±0,85

Aplicando-se um teste qui-quadrado, temos p=0,019.

Claro, é apenas um pré-teste, com baixo número de avaliadores, e se refere a apenas uma modalidade.

Se a diferença for real, minha hipótese explicativa (sem exclusão de outras) principal é: esportistas bonitas conseguem obter mais e melhores patrocínios, uma vez que empresas gostam de associar suas marcas a pessoas bonitas; com mais dinheiro, podem se preparar melhor (têm mais tempo para treinar - já que não precisam desenvolver outras atividades para se sustentar; podem pagar treinadores mais qualificados; têm à disposição equipamentos superiores; podem viajar e participar de mais competições; podem ter uma melhor base nutricional...) e ter melhor desempenho.

Hipóteses alternativas podem ser: genes bons (via seleção sexual, genes que proporcionam beleza estariam ligados a genes que promovem uma boa constituição física e fisiológica em geral); socioeconômica (muitos esportes são caros, a prática fica em grande parte restrita à elite socioeconômica, que tem também acesso a mais recursos auxiliares à beleza: cosméticos, cirurgias plásticas, melhor nutrição, menos exposição à doenças... - pode se dar do nascimento ou pela aquisição de melhor status socioeconômico com o desempenho no esporte); condicionamento físico (o preparadoa preparação para o esporte levando a um maior cuidado com o corpo)...

No caso da confirmação da hipótese da beleza/desempenho esportivo via patrocínio, um corolário seria que em esportes de elite - com equipamentos mais caros, como o caso de muitos esportes de inverno - a relação seria ainda mais forte.

Ressaltando mais uma vez que esta é apenas uma especulação com, até o momento, pequeno suporte empírico sistemático (embora não nulo).

Implicações sociais - como referentes a patrocínios não-mercadológicos ao desporto e programas governamentais de incentivo ao esporte amador - podem ser entrevistas. Uma certa relativização da atribuição de meritocracia estrita aos resultados das competições esportivas também seria uma consequência possível.

*Obs: Agradeço à participação dos colaboradores nas respostas.

3 comentários:

rafael-hls disse...

Por que não leva a enquete adiante, crie uma comunidade no FB, nem que seja apenas para fazer enquetes!

André R.D.Baptista disse...

O patrocínio só chega quando o atleta já está formado... A beleza poderia, também, jogar contra o desempenho, se não viesse acompanhada de um forte (muito forte) caráter.... Mulheres belas podem se "dar bem" na vida de outras formas, sem atravessar a torturante carreira de tenista profissional ... Enfim, aposto mais numa combinação de suas hipóteses alternativas.

none disse...

HLS, Baptista,

Valeu pela visita e comentários.

@Rafael,

Para algo que permita uma conclusão mais sólida seria preciso fazer um levantamento mais sistematizado. Seria preciso também limitar o conhecimento prévio do público em relação às atletas.

@André,

O desempenho do atleta depende muito mais do que apenas da formação - é um fator importante, mas longe de bastar. E não dá pra - sem um levantamento mais detalhado - eliminar um efeito de patrocínio ainda na fase de formação (mesmo que seja da empresa do bairro ou do órgão local: podem escolher atletas mais bonitas para representar a cidade em jogos regionais).

[]s,

Roberto Takata

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